Vicentina e sua História
Igreja Matriz de Vicentina, localizada na Avenida Padre José Daniel, Centro - (Foto: Geone Bernardo)
Vicentina é um município brasileiro do estado de Mato Grosso do Sul. A cidade se situa próximo a Dourados e Fátima do Sul, cidade à qual é praticamente conurbada. A distância entre as duas é de menos de 10 km centro a centro, o que faz com que compartilhem certos serviços, como transporte por exemplo.
Geologia
O município de Vicentina esta contida nos domínios da Bacia Sedimentar do Paraná e apresenta as seguintes unidades litoestratigráficas: A formação Caiuá – apresenta arenitos finos e grosseiros, bem selecionados coloração vermelha e arroxeados, bastante ferruginosos.
Movimentação histórica
A origem do município de Vicentina está diretamente ligada ao núcleo Colonial de Dourados. O crescimento do núcleo urbano deve-se em função da demanda de mão de obra voltada principalmente, para os algodoeiros cultivados na região na época. A distribuição de terras naquela época era feita com a presença do colono, que também ajudava a abrir picadas e em seguida recebia o protocolo do seu lote. Por Vicentina estar situada a 10 km da margem direita do Rio Dourados e possuidora de solos férteis atraiu muito interesse de fixação dos que por aqui passavam. Foi em 1951 no governo de Eurico Dutra, a partir de colonizações agrícolas realizadas às margens do rio Dourados na altura da BR 376. Os primeiros ocupantes eram principalmente migrantes do interior paulista que vieram atraídos pela atraídos pela excelente qualidade da terra. Aqui eles construíram e viveram de muita fartura. Eutácio Caetano Braz, que chegou em 1952, jogava fora de 10 a 20 sacas de feijão por safra, pois era pouco o consumo e não tinha para quem vender.
Na época havia praticamente mato, e para construir sua casa o migrante tinha que entrar na mata virgem e derrubar árvores. Uma família tradicional, que chegou na região em 1953, dizia que naquele tempo no centro de Vicentina havia um agrupamento de casinhas, ou seja, eram quatro casinhas de pau-a-pique que eram de Antonio Roberto Dias, Jubelino Mamédio, Erço Carlos do Nascimento e outro lote era dos catarinenses que foi comprado pela missão Palotina através do Pe José Daniel, que por aqui havia passado. Estas quatro casinhas também eram conhecidas como Subsede que eram onde faziam as compras e vendiam o que produziam,compras e vendas só de cereais. A casa da qual vendia cereal era de Antônio Roberto Dias.
Vista aérea de Vicentina, ao centro Igreja Matriz, localizada na Avenida Padre José Daniel, Centro - (Foto: Geone Bernardo)
Era na Subsede que aconteciam as festas locais. Em uma dessas esquinas da Subsede tinha uma casa que tinha várias funções como escola, igreja, casa do padre, centro de reuniões, entre outros. De Vicentina até a Linha do Barreirão era toda feita de picadas, mas de lá em diante era só mata. Os meios de transportes eram a pé ou de bicicleta, pois havia muitos tocos e não dava para andar a cavalo. Nos dias de festa a chamada Subsede era muito movimentada. Na Casa Adamantina vendia só o que as pessoas mais precisavam, principalmente ferramentas agrícolas, mas o povo pedia mais e cada vez mais. Quando seu Morishita chegou aqui comprou suas terras por 150 mil réis, era muito dinheiro, mas naquele tempo como era de fartura dava até para comprar mais. Kikujy Yasunaka, que chegou em Vicentina no ano de 1954, veio morar dentro do mato, desmatando para construir sua casa, era só toco. O único poço d’água existente pelas proximidades era dentro do terreno dele e o povo da vizinhança saiam de suas casas e iam até a sua casa para se abastecerem de água, que era de boa qualidade.
Se os moradores Vicentinenses quisessem obter maiores compras tinha que ir até Dourados, que era uma cidade pequena, mas vila de muita abundância e tinha grandes oportunidades de compra e venda isto de 1956 a 1959. O distrito foi criado com a denominação de Vicentina, pela Lei nº 2095, de 20 de dezembro de 1963, subordinado ao município de Vila Brasil. No mesmo ano foi fundada a Casa Paroquial. O padre José Daniel promoveu a assistência social fundando a escola, instruindo os agricultores e implantando a fé. Mas um dos grandes sonhos do Padre era construir uma igreja grande e alta como a fé do povo Vicentinense, sonho que se tornou realidade pouco tempo depois.
O Padre José Daniel, junto ao seu jipe, construiu a igreja de tábua a mesma foi derrubada quando a atual já estava em fase de acabamento. Padre José Daniel se vê maravilhado vendo ao meio da mata os alicerces da sua escola, com verbas vindas de outras províncias, de pequenas promoções e com ajuda de seu Bernardo Baur que ganhava algum dinheiro vindo da Europa, assim conseguiu erguer o Colégio em 1962, fundar o colégio chamado Ginásio Comercial “Vicente Palotti” que passou a se chamar Escola Estadual de 1º e 2º Graus “Rainha dos Apóstolos” e hoje em sua homenagem Escola Estadual Pe José Daniel, contendo 2 (dois) andares e25 salas confortáveis. Desde 1963 começaram a ser feitos os primeiros desfiles para aumentar a animação e a cultura do povo vicentinense. Naquele tempo não tinha muitas alegorias e sim mais pelotões de alunos. Os desfiles eram feitos nas ruas ainda cheias de mato, mas já com bastantes casas.
No decorrer dos anos novas casas foram sendo construídas, estas de madeiras e telhas que eram transportadas de carroças puxadas por boi em 1965, foi feita a primeira montagem de uma caldeira que pertencia ao Sr. João Kintschev com a finalidade de industrializar madeiras para a fabricação de moradias e de casas comerciais em Vicentina. Em 1968 foram fundados e os Cursos Técnicas de Comércio e o Curso Normal. No dia 9 de julho de 1974, com a entrega do Presidente Geisel e o Governador Garcia Neto houve uma grande festa, pois foi ligada a energia para todos os habitantes de Vicentina e um posto telefônico onde a 1ª recepcionista foi Maria Helena Xavier Marangão. Antes os meios de comunicações eram muitos difíceis, era somente por cartas e demorava de 10 a 20 dias para chegarem ao seu destino. Em 1977 a região passa a fazer parte do atual estado de Mato Grosso do Sul.
Finalmente em 1986 através do recenseamento eleitoral determinada pelo então Presidente José Sarney, fez desaparecer todos aqueles eleitores cadastrados e que não mais existiam em nosso município. Foi criada em Vicentina a Associação de Amigos de Vicentina, que tinha como objetivo a qualquer preço conseguir a independência de Vicentina, como município, foi uma espécie de sangue novo onde todos lutaram sem pretensões pregando a união como forma de vencer todas as dificuldades futuras. Foi eleita a primeira diretoria da Associação Amigos de Vicentina (AAV) que assim ficou composta, Presidente: José Ferreira do Nascimento, Secretário: Gerson Pereira de Souza, Tesoureiro Jacinto Galego, Conselho Deliberativo: Levy Dias, Odilson Roberto Dias e José Salustiano de Souza, Suplentes: Manoel Severino Fernandes, José Martins Neto e Carlos Farinha, diretoria esta na quais os membros faziam inúmeras viagens e incansáveis não perdiam o desejo nem a esperança de conseguir apoio político para a realização do plebiscito e o possível apoio da Assembleia Legislativa do Estado. O projeto de lei da criação de Vicentina foi de autoria do Deputado Ivo Cerzócimo, que em conjunto com os demais parlamentares aprovaram por unanimidade.
O plebiscito ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1987, que obteve a maioria esmagadora de votos pelo sim. Graças ao trabalho da diretoria da Associação de Amigos de Vicentina que fez 18 reuniões em todas as partes do Município mostrando a população os documentos os quais estavam garantidos todos os direitos e a necessidade de o local ser independente para que não acontecesse o continuísmo do estado de abandono que a população estava mergulhada sem estradas, sem assistência medica, sem transporte para estudantes e ignorados pelo poder público até então. O ex-governador Marcelo Miranda Soares veio à praça pública e sancionou a lei n.º 725 de 20 de junho de 1987 e publicada a 22 de junho de 1987 no D. O. n.º 2091 que põe fim a esta polêmica de desenvolver ao povo vicentinense a sua liberdade e seus próprios destinos. Houve então as eleições municipais a 15 de novembro de 1988, sendo o município instalado em 1 de janeiro de 1989.